Como o tempo passou!
É só uma constatação, não estou querendo dizer que passou rápido ou devagar, apenas passou. Nem nos meus melhores sonhos imaginei que aos 50 anos e comemorando bodas de prata de uma união de muito amor seria mãe de uma pré-adolescente ao mesmo tempo em que entraria na menopausa, ganharia a dádiva de ser avó e ainda voltaria ao mercado de trabalho. Ufa! Tudo ao mesmo tempo, tudo junto e misturado.
Daí eu paro e inevitavelmente penso: como sou agraciada por Deus e por isso mesmo muito grata por tudo, exatamente da forma que foi e que está sendo. Aquela história que 'depois da tempestade vem a bonança' é real, muito real.
No auge dos meus dezoito anos enfrentei uma tempestade que durou muito tempo: separação dos meus pais; falecimento da minha mãe; abandono por parte de alguém que eu amava muito (e ainda amo) meu pai; falecimento da minha prima-irmã de uma maneira muito trágica apenas um ano depois da morte da minha mãe; um namoro conturbadíssimo com alguém que sequer queria o meu amor. Enfim, um turbilhão de acontecimentos seguido de outro turbilhão de sentimentos: medo, revolta, solidão, desespero, rancor, mágoa e todas as consequências físicas diante de tanta somatização. Essa foi a tempestade, mas Deus é pai e em meio a tudo isso Ele foi colocando anjos em minha vida, que no começo eu sequer enxerguei, mas que me ajudaram a chegar à bonança.
Primeiro o acolhimento por parte dos meus queridos padrinhos, tia Maria e tio Totó, num dos momentos mais difíceis da minha vida. Depois um emprego que me fez ganhar uma amiga-mãe-irmã, a Vera, presente em minha vida até hoje; depois uma alma gêmea, daquelas de outras vidas, uma amiga-irmã que segurou comigo todas as barras dessa tal tempestade, a Rô. Pouco tempo depois surgiu uma pessoa que arrebatou meu coração e me mostrou a diferença entre um Homem e um moleque. Sim, é com ele mesmo que estou comemorando, neste ano, bodas de prata, meu marido Paulo. Tudo isso em meio aos respingos da tempestade que, como eu disse, durou muito tempo (exatos 14 anos).
Na sequência a realização de um sonho, o primeiro filho, o anjo da guarda que Deus me deu de presente para que ele cuidasse de mim aqui na Terra, pois eu acho que só o anjo da guarda lá do céu não estava dando conta. O sucesso profissional; a estabilidade financeira; a mudança de casa e o início da reforma íntima, que foi lenta, mas aconteceu.
Enfim, a longa tempestade de 14 anos passou, veio entendimento e consequente perdão. Como é bom perdoar. É um processo e, como todo processo, leva tempo. Finalmente entendi que não dava para ter novos desfechos agindo sempre da mesma maneira. Entendi que a mudança vem de nós e não dos outros, por isso faz todo sentido uma outra frase que ouvi muito durante a vida: seja você a mudança que quer ver no mundo!
Bom, diante de tanta mudança e do fim da tempestade, acabei abrindo espaço para novas experiências, inclusive a segunda maternidade e com ela a cereja do bolo, o anjo que deu novo significado a minha vida, Giovanna. Foi somente após a chegada desse anjo que me senti plena e realizada e pude dizer de "boca cheia" que construí uma família.
Só gratidão. Gosto de pensar (na verdade de ter a certeza) que o Pai celestial reservou o melhor para mim e assim sendo sinto-me segura em pensar que tudo o que vier será benéfico, porque tudo traz aprendizado, todo aprendizado traz evolução e a evolução dá conta de qualquer tempestade.
E assim seguimos com o show da vida!